19/04/2024
Redação: Reprodução
Imagem: Íris Zanetti
Uma verdadeira obra de arte resiste ao passar do tempo, dialoga com futuras gerações e suas temáticas parecem nunca perder a relevância. Um exemplo clássico é o filme Tempos Modernos, obra-prima de Charlie Chaplin que ganha as cores da Academia Jovem Orquestra Ouro Preto com a exibição do filme e a apresentação ao vivo da trilha sonora no dia 20 de abril, sábado, às 20h, no Grande Teatro do Sesc Palladium.
No palco, jovens talentos da música de concerto, sob a regência do Maestro Rodrigo Toffolo, apresentam a trilha do filme enquanto o mesmo é exibido como em um grande cinema, em uma experiência que rememora os tempos áureos do Cine Palladium como importante espaço cinematográfico da cidade.
“Levar ao público a beleza e a atemporalidade da obra de Chaplin vai ao encontro e fortalece o caminho que a Orquestra Ouro Preto e sua Academia têm trilhado. Tocaremos a trilha do filme ‘ao vivo’, enquanto ele é exibido, relembrando o antigo Cine Palladium. Uma experiência única para toda a família”, convida o Maestro Rodrigo Toffolo, diretor artístico e regente titular da Orquestra Ouro Preto.
Lançado em 1936, Tempos Modernos ainda mantém seu poder de provocar e comover o público justamente por abordar questões universais e ainda não superadas, como as consequências da industrialização na vida dos cidadãos comuns. Um retrato de gente simples lutando contra máquinas, a precarização, a exploração e a necessidade de sobrevivência.
Na película, Carlitos mistura humor e crítica social para narrar a vida de um trabalhador que está em busca de se estabelecer, tanto profissionalmente quanto como indivíduo, em uma sociedade cheia de inovações tecnológicas e contradições. Tudo isso com a marca do vagabundo de chapéu-coco, bigode e bengala, em cenas que fazem rir ao mesmo tempo que nos levam a refletir.
Chaplin não apenas atuou no filme e o dirigiu, como também compôs parte da trilha sonora, nesta que foi sua derradeira contribuição ao cinema mudo e que o consolidou como um dos maiores comediantes de todos os tempos.
“Chaplin era um exímio músico, um artista completo, com uma sensibilidade ímpar, que, sabendo das ferramentas que podia usar na época, trabalhava a música de forma muito rica em suas criações. Já que não tinha diálogos no cinema mudo, toda a ambientação era construída pela música e, como o filme passava pelas mãos e pela cabeça dele, Chaplin fazia com que essa imersão fosse completa, já que escrevia pensando na música e compunha pensando no filme”, contextualiza o maestro.
Esta não será a primeira imersão da formação mineira no universo cinematográfico, tendo já apresentado o concerto Música para Cinema, que foi gravado em CD e DVD no Largo do Rosário, em Ouro Preto, Música para Cinema – Cine Hollywood e duas outras homenagens ao artista, com os concertos O Circo e O Garoto.
“O Tempos Modernos fecha uma tríade Chaplin. Para nós, esse projeto representa, mais que o desafio para uma academia, o que faz todo sentido para a formação deles, a junção de duas grandes artes, a música e o cinema, o que reflete um pouco o caminho da formação de público que estamos trilhando ao longo da nossa trajetória. Ter dois elementos unificados ao redor de um dos filmes mais importantes da história do cinema completa o pensamento artístico e pedagógico da nossa Academia”, analisa Toffolo.
As doses de sátira social e humor estão garantidas no concerto. A ousadia fica por conta da apresentação ao vivo, que demanda uma sincronia perfeita entre música e imagem, desafiando ainda mais os músicos da Academia Jovem e comprovando o compromisso com a excelência e a versatilidade em todos os projetos da formação mineira.