O perfil do consumidor de Belo Horizonte está diferente em 2025. Fatores como a elevação da Selic, escalada da inflação e juros altos tem contribuído para que o consumidor da capital mineira fique mais cauteloso.
Segundo dados divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), registrou queda pelo segundo mês consecutivo.
O estudo registrou em fevereiro baixa de 2,1% na comparação com janeiro e de 5,4% em relação a fevereiro do ano passado. A pesquisa projeta um crescimento de apenas 2%, puxado pelo setor agropecuário.
No entanto, comércio e serviços, que foram os principais motores do crescimento da economia nos últimos anos, tendem a perder força com um ambiente de juros elevados, avanço da inflação e endividamento das famílias.
“O comércio é diretamente influenciado por fatores macroeconômicos como juros,
crédito e desemprego, que afetam tanto a capacidade de consumo das famílias quanto as condições de operação dos lojistas. A taxa de juros afeta a disponibilidade de crédito para consumidores e empresas. As recentes altas na taxa Selic comprometem o acesso ao crédito e aumentam os custos dos financiamentos e parcelamentos, o que mantém uma postura cautelosa por parte dos compradores, especialmente para bens de maior valor, como eletrodomésticos, veículos e eletrônicos”, destaca o presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva.
Setores mais afetados
Dentre os segmentos mais afetados por esta prudência do consumidor estão os setores sensíveis ao crédito, que são aqueles que dependem de empréstimos, financiamentos, parcelamentos, por parte do consumidor, para realizar as suas vendas. São eles: setor imobiliário, automobilístico, materiais de construção, eletroeletrônicos educação, turismo e lazer e setor moveleiro.
De acordo com Priscilla Gomes, professora de Marketing e Negócios da UNA, os segmentos menos impactados no faturamento são os setores que representam bens essenciais à população, como alimentação, saúde e educação.
“O que acontece é uma adaptação e uma priorização daquelas contas básicas como água, luz, supermercado, farmácia e internet, que hoje em dia também é considerado um item básico, principalmente para aquelas pessoas que trabalham de casa, em home office, empreendem ou mesmo estudam”, ressaltou Priscilla.
Semana do Consumidor em Belo Horizonte
Em meio a um clima menos otimista no varejo diante do cenário atual da economia, lojistas tem se desdobrado para atingir o consumidor de Belo Horizonte e região.
Segundo dados da CDL/BH, a atual configuração está fazendo com que o comércio de bairro ganhe força na capital mineira. E consequentemente, as lojas físicas tem tido mais atenção dos consumidores. Dessa forma, os comerciantes precisam focar mais ainda no atendimento de qualidade aliado a experiência do cliente.
Para o mês do Consumidor, por exemplo, os comerciantes tiveram de usar de estratégias adicionais para fisgar o público. Entre os pontos mais explorados pelos lojistas foram:
- Atendimento personalizado;
- Oferecimento de créditos digitais;
- Facilidade de pagamento e entrega;
- Investimento em ações de recompensa e fidelização;
- Atenção ao pós-venda;
Priscilla Gomes, professora de Marketing e Negócio da UNA destacou que, diferente de outras capitais, o consumidor de Belo Horizonte tem uma característica mais regionalista aliada a um sentimento de forte pertencimento. Para ela, isso contribui para o consumo local e regional, mesmo que seja de forma online.
“Quando a gente compara o perfil e os hábitos de quem mora no em São Paulo, por exemplo, os consumidores tem preferência ali para as grandes marcas presentes ali nos shoppings. Quando nós observamos o perfil do consumidor Belo Horizonte, nós já temos uma preferência por coisas daqui, como bares, restaurantes e outros tipos de experiências locais. Em BH existe um forte apelo emocional”, enfatizou Priscilla.