Nas inúmeras vezes que eu entrevistei um arquiteto para saber detalhes do projeto que ele criou, eu costumo escutar palavras-chave. É como se houvesse uma moda vigente que muda de ano para ano para descrever o que foi feito.
Há alguns anos eu escutava muito algo do tipo: “meu projeto é um projeto atemporal, com ambientes integrados e muita sofisticação”. Um tempo depois, as palavras atemporal, sofisticado, integrado foram substituídas por um ambiente acolhedor, aconchegante, com memórias afetivas e por aí vai.
Bom, você olha o projeto e nem sempre vê essas características, mas as palavras reforçam que sim, elas estão ali. Atualmente eu tenho notado que os projetos querem reverenciar os sentidos, como se os espaços fossem projetados para gozar e agradar não só à visão, mas ao tato, ao olfato e nem sei se o paladar entra nessa história.
E é claro que nem sempre essa preocupação do profissional em definir que seu projeto contemple todos os sentidos pode ser percebida.
Seria interessante que, para além dos modismos, das palavras e mesmo das intenções, esses projetos estivessem fundamentados em pesquisa, em história, em conceito e, como eu falei outro dia aqui, em sensibilidade, respeito ao humano e preocupação com a sustentabilidade. E nem vai precisar de palavras que estão na moda para defini-lo, porque um bom projeto fala por si.
