Minha filha costuma dizer que quando eu gosto muito de uma coisa eu entro num estado de paixão e eu não paro de falar sobre o assunto. Como isso aconteceu comigo ao assistir recentemente “O Quarto ao Lado”, filme de Pedro Almodóvar, de 2024, eu pensei em compartilhar aqui o que me tocou nessa obra.
Mas são tantos temas que percorrem o principal e controvertido, que é a eutanásia, que eu resolvi focar, já que aqui o assunto principal gera em torno de arquitetura, design e arte. O filme começa em Nova York e, logo de cara, o Almodóvar dá o tom com o esquema de cores cuidadosamente selecionado, tanto na decoração de interiores quanto na vestimenta dos personagens.
A partir daí, todos os ambientes chamam a atenção de quem gosta do assunto. Mas é quando as duas personagens, interpretadas por Tilda Swinton e Julianne Moore, chegam à casa de férias que o público tem a possibilidade de entender o propósito da arquitetura no filme.
Distinguindo o fora cheio de natureza e, por isso mesmo, de vida, com o dentro, cenário onde Marta, personagem da Tilda, será separada da vida que escolheu deixar para trás, a câmera e os enquadramentos escolhidos vão desvelando partes dessa casa, linda por sinal.
Nesse filme, Almodóvar aborda com muita sensibilidade uma série de questões além da eutanásia, como a do avanço da extrema direita, a crise ambiental e as sutilezas das relações humanas, e consegue costurar tudo com com cenas em que a arquitetura e o design de interiores dizem tanto quanto as palavras. Amanhã eu te conto onde é essa casa de férias do filme “O Quarto ao Lado” do Almodóvar.