Eu sempre usei e ainda uso muito um provérbio chinês para contextualizar a escolha pelo voluntariado.
Esse ditado nos faz ter uma noção mais ampla do que dedicar-se ao outro, mas antes de tudo olhar para si mesmo, numa busca constante de se fortalecer, de se desenvolver para que o contato com o outro faça bem a ambos e não só se de disfarce para dores que a gente não dá conta de enfrentar.
O provérbio diz que, antes de sair por aí mudando o mundo, é preciso, é necessário que a gente dê três voltinhas em casa.
O número 3 tem significados diversos, entre eles o do equilíbrio, tal qual um tripé que segura uma máquina fotográfica.
Também tem aquela música muito querida que diz: “Mente quieta, espinha ereta e coração tranquilo.” Que fala de três partes que a gente tem que se preocupar: o espírito, o corpo e as emoções. Mas o que de fato o provérbio quer dizer?
Que há problemas que nos doem tanto que a gente busca subterfúgios para escondê-los ou evitá-los, ou seja, jeitos de maquia-los. Só que de verdade, eles ainda estão ali, como feridas abertas, doendo ainda mais do tanto de coisa que a gente colocou em cima deles para que a gente não os enxergasse ou fingisse que não enxerga. Byung-Chul Han, no livro Sociedade Paliativa, nos alerta sobre isso. Optando por anestesiar a dor a ter que enfrentá-la.