Cruzeirense apaixonado, um dos mais talentosos músicos e compositores da sua geração em Minas Gerais, Luís Couto, hoje radicado na Suécia, divide suas madrugadas entre criações sublimes e o acompanhamento ferrenho dos jogos da Raposa.
Dessa vez, elevou o ofício das canções que possuem o esporte bretão como pano de fundo para outro patamar, um nível peculiar de sofisticação e daquele jeito típico seu: idiossincrático e vanguardista.
Desde a última sexta-feira, já se encontra nas principais plataformas de streaming a maravilhosa “Toca”, faixa escrita por esse craque sobre o qual falamos a respeito de outro sujeito e profissional especial: Matheus Pereira, o camisa 10 cinco estrelas.
No som em questão, que a China Azul deveria abraçar para ontem, Luís exala um requinte que, conforme Wittgenstein e Schopenhauer concordariam, prova-se difícil de colocar em palavras de tão intangível e inefável.
Os vocábulos milimetricamente escolhidos para dar um belo sentido para o todo versam com sensibilidade acerca das dificuldades que o personagem homenageado na obra teve com a saúde mental, da beleza de seu jogo, do seu elo inquebrantável com os celestes e do fato de, em Belo Horizonte, ter reencontrado a alegria de viver e a paixão por desfilar sua magia nos gramados.
A sonoridade do trabalho em tela, por sua vez, remete às obras-primas de Jorge Ben Jor, de Milton Nascimento, de Marcos Valle e de outros mestres da década de 1970 tupiniquins.