Se você foi uma pessoa noveleira nos anos 2000, provavelmente ouviu alguma música de Jorge Vercillo, seja na voz dele ou na de outros artistas. Com 30 anos de carreira, o cantor e compositor se joga na estrada novamente com a turnê JV30, buscando uma valorização de seu catálogo. O show passará por BH, neste sábado (24/5), oportunidade de encontro com músicas que ainda tocam gerações.
Em junho do ano passado, Jorge Vercillo esteve no mesmo palco que irá recebê-lo no sábado, o Grande Teatro Palácio das Artes, emocionando pessoas de todas as idades. Com ingressos praticamente esgotados, o artista promete repetir a dose, mas com algumas mudanças no roteiro, respeitando suas próprias inquietações.
“O público que acompanha os meus shows sabe que nunca é igual, seja o mesmo nome, seja um nome diferente. Eu sou muito inquieto, nos arranjos, no roteiro… E a gente ainda tem um momento voz e violão aberto para pedidos, que tornam o show bem exclusivo e bem específico”, conta Vercillo à Rádio CDL FM.
Turnê valoriza discografia de Jorge Vercillo
Trabalhando ao lado da esposa, Martha Suarez, desde a pandemia, Jorge tem focado em valorizar o próprio nome dentro da indústria da MPB. Parte disso é a turnê JV30, considerada pelo artista a maior de sua carreira até então.
“A MPB, o pop qualificado, têm uma grande valia. Então, isso é um dos pontos, nesses 30 anos de carreira, que me motiva a buscar. Porque eu estou no auge da minha forma vocal, das minhas faculdades físicas, mentais, emocionais. Soa até piegas eu falar isso, mas estou na melhor fase da minha vida e da minha carreira”.
O outro propósito que motiva o cantor a seguir em turnê é levar as mensagens de suas músicas adiante. “Frequentemente eu sou parado no aeroporto, na rua, com alguém dizendo que começou a ler Helena Blavatsky ou que começou a ter uma conexão com a natureza por causa da minha música. Isso aí é um propósito maior que está muito acima de dinheiro ou de almejar um lugar a mais no mercado”.
Trilha sonora das novelas
“Encontro das Águas” (Mulheres de Areia), “Praia Nua” (Tropicaliente), “Fênix” (A Casa das Sete Mulheres) e “Sensível Demais” (Chocolate com Pimenta) são apenas algumas das canções de Vercillo que embalaram novelas. Considerando o impacto que as novelas possuem na vida dos brasileiros, ao longo de 30 anos, o artista pôde penetrar no imaginário nacional com suas letras falando de amor.
Com um trabalho que impacta crianças, jovens, adultos e mais velhos, Jorge diz que “se sente como um vampiro de 470 anos”. “É interessante, eu tenho 56 anos, mas a MPB te dá um ar de artista eterno. Outro dia veio um rapaz de cabelo grisalho falando, ‘poxa, eu curti tanto o teu som na adolescência'”.
“Fiquei olhando para aquele cabelo grisalho e comecei a rir, me senti um vampiro”, brinca. “Mas é claro que eu pinto o meu cabelo”, assume o cantor. Segundo Vercillo, seu público vai desde as pessoas mais velhas que curtem jazz até aqueles que, quando criança, o viram no Sítio do Pica–Pau Amarelo.

“Eu sempre fiz música de uma maneira muito livre. Sempre começo pelas melodias, achando alguma interessante, uma parte diferente, e isso sempre me motivou, e depois vem a letra. Ou no caso de ‘Fênix’ que ele [Flávio Venturini] me deu uma melodia e eu segui letrando a música”, cita Jorge.
Das trilhas à participação especial
O cantor conta que a Rede Globo costumava receber seus álbuns e, a partir disso, escolhia músicas para trilhar novelas. “Aconteceu há pouco tempo, com o diretor Mauro Wilson, que escreveu uma história para a novela ‘Quanto Mais Vida Melhor’, e ele pinçou ‘Final Feliz’, que é uma das minhas músicas mais cantadas”.
“Aí falaram tanto de mim na novela que acabou que no final eu participei do último capítulo, fiz uma ponta, foi bem criativo, bem engraçado, uma novela meio com tom humorista, foi bem bacana”, completa.
Vercillo se diversifica e se qualifica
Embora a discografia de Jorge Vercillo seja diversa, com colaborações com artistas como Gaab e Rafinha RSQ, o carioca possui uma identidade na MPB dos anos 2000 que lhe garantiu sucesso musical, com canções românticas e arranjos sofisticados. Apesar disso, ele diz que não se sente pressionado a continuar fazendo músicas nessa pegada.
“Na verdade, existe uma liberdade nesse caminho que eu construí junto com a minha equipe, uma liberdade artística muito grande. E esse é o lado melhor da MPB, do mercado adulto, vamos dizer assim”, declara o cantor.
Atualmente, Vercillo tem buscado mostrar seu lado mais brasileiro, com músicas que seguem o estilo de “Praia Nua” e “Melhor Lugar”. “Nós temos trabalhado nas rádios músicas mais ligadas ao pé no chão, à brasilidade, como ‘Só Quem Ama’, que é um ijexá, ‘Fenômeno da Natureza’, que é uma mistura de ijexá com folk”.
“Então eu sinto uma vontade, não uma pressão, de me diversificar, de aproveitar esse momento de 30 anos [de carreira] para mergulhar mais fundo na minha poética e na minha musicalidade e levar meu público nessa viagem junto comigo. Aproveitar esse momento para me sofisticar e me qualificar”, afirma.
Novo álbum: ‘Alegoria’
Em janeiro deste ano, Jorge lançou uma versão estendida do álbum ao vivo de sua turnê, o “JV30 Tour Deluxe (Ao Vivo)”. O último disco de músicas inéditas do cantor foi lançado em 2023, “Raça Menina”, e ele já tem planos de liberar um novo projeto. Uma versão em vinil do JV30 também está a caminho.
“Recentemente lancei ‘Alegoria’, que é uma música que eu fiz para a Martha. Mas é uma música que fala de um amor, além do sensual, pela sociedade, pela civilização, um amor mundial. Ou pelo menos decreta o futuro que a gente quer ver. E ‘Alegoria’ eu acho que vai ser o título desse novo álbum que a gente vai lançando em partes e, depois de um certo tempo, nós lançamos mais algumas e bota todo ele junto”.
Enquanto o artista não lança seu novo álbum, sucessos em sua discografia não faltam para curtir. O show de Jorge Vercillo no Palácio das Artes será às 21h, com últimos ingressos disponíveis neste link, a partir de R$ 120.