07/03/2024
Redação: CDL BH
Imagem: Divulgação
Local revolucionou ao abrir primeiro salão unissex da cidade e ajudou a recuperar a força econômica do hipercentro. Com a atual remodelação da região, galeria tem know-how para se tornar promotor da cultura e artesanato mineiro. História do espaço pode ser conhecida no Ponto Cultural CDL
A arquitetura modernista, as mais de 200 lojas, as cores das vitrines e o vai e vem dos corredores compõem o charme da Galeria Ouvidor que, neste domingo, 10, passa a integrar o time dos estabelecimentos comerciais sexagenários da capital mineira.
Fundada em 10 de março de 1964, a galeria foi construída com o propósito de contribuir para a recuperação da força comercial do centro de Belo Horizonte que, na década de 1960, vivia sua primeira fase de esvaziamento do comércio e tornava-se uma região de prestação de serviços.
“A Galeria Ouvidor foi uma das grandes responsáveis por recuperar o charme e a força do comércio do hipercentro de Belo Horizonte. Nos anos iniciais, os produtos predominantes eram joias, vinis e itens importados que atendiam à demanda da elite belo-horizontina”, destaca o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), Marcelo de Souza e Silva.
A galeria também rompeu padrões. Ainda na década de 1960, o edifício recebeu o primeiro salão unissex da cidade, o Nero Cabeleireiro. “Formavam-se grandes filas de homens e mulheres nos corredores para serem atendidos pelo profissional. Para muitos, foi uma afronta, em função do regime militar, mas para outros foi encarado como um ato revolucionário e inovador”, ressalta o analista de cultura e inovação do Ponto Cultural CDL, Allysson Gudu.



De estilo arquitetônico modernista, a Galeria Ouvidor, segundo a administração, foi o primeiro estabelecimento da cidade a ter uma escalada rolante em pleno funcionamento
Na década de 1970, já estabilizada como importante centro comercial da cidade, a Galeria Ouvidor vivenciou seu apogeu. Os produtos importados foram reduzidos e cederam espaço nas prateleiras e vitrines para a elegância da alfaiataria, o artesanato em couro de sapatos e acessórios e o fortalecimento da joalheria. “Foi também nesta década que os corredores da Galeria Ouvidor começaram a ser frequentados por pessoas de classes sociais distintas e também por figuras conhecidas como jogadores de futebol, músicos, jovens e os hippies. Aliás, as calças estilo boca de sino, traje clássico da década, foi um dos itens mais vendidos na época”, relembra o analista do Ponto Cultural CDL.
Já nas décadas seguintes, matérias-primas para criação de bijuterias, itens de artesanato, papelaria e festas somaram-se aos demais produtos e fizeram da Galeria Ouvidor um dos estabelecimentos comerciais mais plurais da cidade. Hoje, o local também é referência em perucas e demais itens de cabelos.
Futuro
A Galeria Ouvidor chega aos 60 anos com uma movimentação de 12 mil pessoas por dia e muitas histórias do passado, do presente e também do futuro para contar. Além de ser a principal referência em itens carnavalescos, contribuindo para movimentar economicamente a principal festa de Belo Horizonte, o local também mantém viva a tradição do comércio olho no olho, do relacionamento humano e, ao mesmo tempo, vanguardista. “A história da Galeria Ouvidor nos mostra que ela, a cada década, se transforma em algo melhor e mais atrativo. Hoje vivemos uma nova ocupação do hipercentro, onde edificações estão sendo remodeladas e voltando ao sucesso. A galeria mantém sua fama em alta, creio que, muito em breve, veremos uma nova transformação do espaço, fazendo dele um local de valorização e promoção da cultura, da história e do artesanato mineiro”, finaliza Allysson Gudu.
A história da Galeria Ouvidor é destaque no Ponto Cultural CDL, em um diorama dedicado a contar os detalhes deste comércio emblemático da capital mineira. Para conhecê-la e também saber mais da história de outras regiões e lojas da cidade, basta visitar o centro de memória da CDL/BH.

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