A chamada teoria da felicidade em ‘U’ descreve um movimento curioso que fazemos ao longo da vida: no topo do gráfico estão os jovens, cheios de força e de planos, caminhando como quem desbrava um território novo. É a fase das tentativas, da pressa da aventura. A felicidade costuma ser mais intensa, mais edônica, alimentada por descobertas e possibilidades.
Com o tempo, a curva desce. Entre os 30 e 50 anos, muitos chegam ao válido. É uma fase em que parece que já fizemos o que tinha que ser feito ou que algumas tentativas deram certo, outras nem tanto. A rotina pesa, as responsabilidades se acumulam e a sensação de plenitude diminui. Não é tristeza profunda, é mais um cansaço existencial, uma pergunta silenciosa sobre o rumo das coisas.
Logo depois desse vale, algo começa a mudar. Ufa! A curva volta a subir. A pessoa passa a se conhecer mais, a reconhecer limites e possibilidades reais. A urgência diminui. A necessidade de agradar o mundo perde espaço. Surge um tipo de felicidade mais serena, mais autoral, que não precisa de plateia. É um momento em que a vida deixa de ser disputa e vira clareza.
É uma fase em que a gente entende que não precisa ser tudo nem para todos. E é justamente quando essa compreensão chega que a curva sobe de novo, mostrando que a maturidade não rouba alegria, ela redefine.
