Costumamos dizer que voluntariado é doação, mas a ciência mostra que ele é também construção de sentido, não no abstrato, mas naquele que muda a forma como a gente vive o cotidiano.
O estudo mais longo já feito sobre bem-estar, iniciado em Harvard em 1938, acompanha pessoas por décadas. E chega sempre à mesma conclusão: relações significativas e envolvimento social são decisivos para a saúde mental e para a longevidade.
Não é a ausência de problemas que sustenta uma vida boa, mas a presença de vínculos. Pesquisas em psicologia social indicam que pessoas que se voluntariam relatam menos sintomas depressivos e maior sensação de propósito, especialmente quando há contato humano e continuidade.
Bom, a ciência já falava, a filosofia já dizia antes dos gráficos. Victor Frank afirmava que o ser humano não se realiza buscando felicidade, mas encontrando sentido, quase sempre no encontro com o outro. Hannah Arendt também lembrava que é na ação e na convivência que nos tornamos visíveis.
A literatura concorda, Camille falava da generosidade como entrega ao presente. E Saramago alertava para o perigo da indiferença. Nada disso é heroico, é apenas humano.
