A Casa Tertúlia, vinícola brasileira, chama para si o pioneirismo mundial no uso da inteligência artificial na produção de seus rótulos lançados na ProWine 2024, no início deste mês, em São Paulo. Mas, a discussão sobre isso já vem ocupando, há algum tempo, os bastidores do segmento viticultor.
A chilena Concha y Toro, por exemplo, já utiliza há mais de um ano a plataforma chamada Smartway, que por meio de algoritmos, prevê o momento ideal para terminar a maceração das uvas, aumentando a qualidade dos seus vinhos com isso.
A vinícola conseguiu aumentar sua produtividade sem precisar investir em mais tanques de fermentação. A Wine of Moldova, na Moldávia, já havia levado, em março deste ano, para feira ProWein, em Düsseldorf, quatro vinhos de corte desenvolvidos pelo bot Calories, chamado de enólogo meta–humano.
Na Austrália, a vinícola Mount Langi Ghiran vem implementando os sistemas baseados na tecnologia para prever o melhor momento de colher suas uvas.
Nos Estados Unidos, a Gamble Family Vineyards utiliza tratores equipados com câmeras 360 graus, que monitoram o dia a dia no vinhedo, prevendo pragas e doenças e medindo as vinhas.
Aqui mesmo em Uberaba, a vinícola Arpuro controla todas as etapas de produção por um sistema de dados próprio controlado por IA. Ou seja, a tecnologia vem sendo amplamente utilizada no mundo todo, e o pioneirismo já não é mais o importante nessa questão.
O que se discute é o conceito do terroir: como manter as expressões únicas que o terroir trás a cada vinho se a bebida passa a ser produzida por mecanismos tecnológicos frios e sem humanização? Fica aí para a sua reflexão!