No fim de janeiro, a jornalista e escritora Marina Colasanti nos deixou, mas não nos deixou órfãos, já que por muitos anos ela escreveu livros e artigos que são tão atuais e que devem assim permanecer por muito tempo.
A crônica “Eu sei, mas não devia”, publicada no Jornal do Brasil em 1972, é um exemplo da herança que ela nos deixou. Ela nos lembra de como muitas vezes deixamos nossas vidas se esvaziarem, acomodados numa rotina até estéril, que não nos permite admirar a beleza que está à nossa volta. Veja um trecho dessa poesia de Marina Colasanti:
“Eu sei que a gente se acostuma, mas não devia. A gente se acostuma acordar de manhã sobressaltado porque está na hora, a tomar o café correndo porque está atrasado, a ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. Comer um sanduíche porque não dá para almoçar, a sair do trabalho porque já é noite, a cochilar no ônibus porque está cansado, a deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia”.
Esta é nossa homenagem a Marina Colasanti.