O sindicato de atores de Hollywood, SAG-AFTRA, protestou publicamente contra a estreia da atriz virtual Tilly Norwood, desenvolvida por IA. A polêmica ganhou força após a apresentação oficial da personagem no Festival de Cinema de Zurique, onde foi anunciada como um novo talento digital da indústria.
A criação de Tilly Norwood
Tilly Norwood foi desenvolvida pela atriz e produtora Eline Van der Velden, em parceria com o estúdio Xicoia. O projeto buscou criar uma intérprete digital completa, com identidade visual própria, biografia fictícia e presença em redes sociais, a fim de apresentá-la como se fosse uma atriz real.
Segundo Van der Velden, a ideia não é substituir artistas humanos, mas explorar novas formas de narrativa, comparando a criação ao uso de animações e efeitos especiais.
A criadora afirmou que espera ver Tilly Norwood reconhecida como estrela em potencial, chegando ao mesmo patamar de atrizes consagradas de Hollywood. Apesar do tom experimental, o projeto já desperta interesse de agências e recebeu espaço em um dos maiores festivais internacionais de cinema.
Protestos em Hollywood
A recepção, no entanto, foi marcada por críticas. Em comunicado oficial, o SAG-AFTRA declarou que “Tilly Norwood não é uma atriz, mas um produto gerado por um programa de computador treinado com base no trabalho de inúmeros profissionais sem autorização ou compensação”.
Para o sindicato, a criação de intérpretes artificiais abre caminho para substituições injustas e ameaça o futuro de milhares de artistas.
Diversos nomes de Hollywood também se manifestaram contra a novidade. A atriz Melissa Barrera repudiou o projeto e pediu que colegas deixem agências que representem figuras digitais. Mara Wilson criticou o fato de a personagem ter sido criada a partir da combinação de rostos de mulheres reais, enquanto Whoopi Goldberg classificou a iniciativa como “vantagem injusta” sobre atores humanos.