Pinga-fogo, saia justa e rugido do leão. Na manhã de hoje, aconteceu a abertura do Fórum Brasileiro dos treinadores de futebol na sede da CBF e teve troca de afirmativas ou pinga-fogo para quem é acostumado com os debates das casas legislativas.
Logo no início da cerimônia, o atual treinador da seleção brasileira, italiano Carlo Ancelotti, cometeu o sincericídio e já saiu falando: “Eu tenho que ser honesto. A figura do treinador brasileiro é um pouco fraca”. Depois, Ancelotti ponderou sobre a intenção do evento, né? Que eles estão no segundo fórum, deveria ser o 20º ou 30º e completou falando sobre o calendário e outras coisas.
A afirmação do italiano dentro da CBF cutucou um felino com a vara curta e, depois dele, Emerson Leão tomou a palavra. E aí, meu amigo, teve fogo contrário. Leão disse: “Eu não gosto de treinadores estrangeiros em nosso país e nós somos culpados”. E sustentou: “Eu estou falando aqui na frente da nossa casa”.
Olha, analisando friamente, deve ser ruim tomar uma dessas no peito dentro de casa e é até compreensível que o instinto protetor do leão tenha ficado aflorado, mas aos fatos. O Campeonato Brasileiro tem treinador estrangeiro comandando o time campeão de 2019 para cá. Jorge Jesus a Abel Ferreira, Artur Jorge.
Até na Série B tivemos um estrangeiro campeão, Paulo Pezolano com o Cruzeiro em 22. Na Libertadores também teve treinador estrangeiro comandando o time brasileiro: Artur Jorge, Abel Ferreira e Jorge Jesus. O Leão rugiu na frente do italiano, mas, olhando para os fatos, eu coloco a xenofobia de lado e penso mais naquela frase: “O grito é o argumento do perdedor”.
Enquanto o Leão fazia barulho com a veia do pescoço estufada, no mesmo palco que ele, a menos de 1 m de distância, tinha um campeão da Champions, alguém que pisa nos gramados e comanda os maiores jogadores do mundo, com todo respeito a todos os treinadores brasileiros e à figura do Leão, ex-treinador e jogador da seleção brasileira.
Mas ali, ele tinha muito mais que aprender do que ensinar. O Carlo Ancelotti vai embora um dia, o Abel Ferreira, o Léo Jardim, o Vojvoda, o Jorge Jesus já voltou, o Sampaoli. Mas por que não aprender com eles enquanto eles estão aqui?
No recorte que vai ficar para a história, tem os estrangeiros faturando as coisas, os nossos técnicos sem representatividade aqui no Brasil e nas ligas grandes de fora e o leão rugindo. Não é que o treinador brasileiro não preste, que jamais vai servir ou nada disso, mas alguma coisa nós temos a evoluir.
Tudo bem que nós ainda somos a única seleção pentacampeã do mundo, apenas com técnicos brasileiros, mas eu concordo com o Tite, que nas ligas pesadas e na nossa, a figura do técnico local não anda presente.
Que vai ser, hein? Nós vamos optar por aprender, olhar para o lado e evoluir ou nós vamos gritar? O leão deve andar muito infeliz da vida, coitado.
