A programação cultural desta semana em Belo Horizonte tem como um dos destaques o espetáculo “O Sexo do Vento”, do cantor e ator Dude São Thiago. A atração ocorrerá nesta sexta–feira (25/7) e sábado (26/7), no Complexo Funarte. O artista conversou com Marcela Machado, da Rádio CDL FM, sobre a apresentação e as inspirações por trás dela.
A obra tem como base o álbum de estreia de Dude, lançado em maio deste ano, também intitulado “Sexo do Vento” – uma das 18 faixas tem o mesmo nome e é considerada pelo artista como o “coração do projeto”. O espetáculo mescla música, poesia e teatro, resultando em um monólogo musical dividido em quatro cenas.
No bate–papo com a rádio, o cantor explicou o significado por trás do título “O Sexo do Vento”, os temas centrais da apresentação, como crítica a estruturas opressoras da sociedade e o potencial de reinvenção humana, além de compartilhar a reação do público à obra (spoiler: muita gente costuma sair da peça chorando).
Entrevista completa
Bom, Dudu, “O Sexo do Vento” é o nome do seu álbum de estreia que saiu este ano, em maio, não é? Para começar, por que o nome “O Sexo do Vento”? Ele foi inspirado numa música do gaúcho que eu adoro também, o Vitor Ramil, que é uma das 18 faixas do disco, certo?
Certo, é um disco duplo e essa música é o coração do projeto. “O Sexo do Vento” vem primeiro como uma provocação, por que qual seria o sexo do vento? O mesmo que o sexo dos anjos? Mas, principalmente pensado como sexo, no sentido de secção, de corte, que faz um corte na nossa relação com a natureza. Questiona a natureza humana, quer dizer, se a gente considera que todo lado ruim nosso, a agressividade, a guerra, o ódio, que tudo isso faz parte de uma natureza humana, a gente estaria condenado a essa natureza. Então, o vento como elemento da natureza que transforma, que move as coisas de lugar, vem como representante dessa capacidade nossa de se revisitar, se reinventar, se questionar e fazer escolhas melhores como humanidade.
E o espetáculo mistura música e poesia, mas a gente também não pode chamar nem de show e nem de peça. Como é que é essa mistura?
Ele fica nesse meio de caminho, hoje em dia está muito mais comum isso, na tradição do teatro musicado, do teatro musical, que não é uma peça, mas também não é um show de música. É um espetáculo, é um monólogo musical, mas tem uma banda junto comigo em cena.
E aí tem essa parte que é meio teatral, porque ele é dividido em quatro cenas: Denúncia, Fe(me)nino, Milagre e Invenção. Fala para a gente como é que são essas quatro cenas.
Então, o espetáculo parte de uma primeira cena que faz essa denúncia, de tudo aquilo que nos oprime, que nos sufoca, das estruturas da sociedade, como o patriarcado, por exemplo, que impede que a gente seja de uma forma livre, que a gente se invente, identitariamente, inclusive, de uma forma mais livre. A gente fica preso dentro de caixinhas e de estruturas que sufocam. A partir dessa denúncia, o espetáculo aponta para o feminino, para inventividade, para criatividade, como uma possível utopia, como uma possível saída para a humanidade, para que a gente pense, ‘bom, espera aí, eu preciso ser assim do jeito que eu sou ou eu posso me inventar? O me prende? O que me impede? Então essa é a trajetória.
Então a gente sai da peça refletindo sobre esses temas, sobre o que a gente pode mudar, o que a gente pode fazer?
Sim, o público sai da peça dizendo que revisitou a própria vida, que revisitou as escolhas que foi fazendo ao longo da vida, que foi lembrando de amores do passado, do presente, dos sonhos, dos planos que deixou de realizar por falta de coragem, por falta de estímulo, de fé. Então é um espetáculo muito emocionante.
É um frescor.
É, é uma ventilada.
‘O Sexo do Vento’
Data: 25 e 26 de julho
Horário: 20h
Local: Complexo Funarte | Rua Januária, 68 – Centro (Galpão 3)
Ingressos: EST Produções Artísticas – Produtor – Eventos e Conteúdos na Sympla