Seu Pedro estava em tratamento de cuidados paliativos quando fez um pedido simples ao médico. Queria comer um bolo de aniversário. Explicou que achava que o tempo dele estava curto e que esse seria um presente especial. As enfermeiras se desculparam dizendo que não sabiam que aquele dia era o aniversário dele. Ele sorriu e esclareceu: tinha completado 87 anos em janeiro, meses antes.
O bolo confeitado, como ele gostava de chamar, não era para marcar uma data no calendário, mas “para celebrar o que ele já tinha vivido e está vivendo”, disse ele. Na casa dele, quando criança, não havia o hábito de fazer bolos nos aniversários. Eram muitos filhos e poucos recursos. Talvez por isso, aquele bolo no hospital carregasse um significado maior.
Seria o primeiro bolo de aniversário que ele teria para si só, mas era também um jeito silencioso de se despedir. Mas seu Pedro não queria tristeza, olhou para as enfermeiras e disse: “Não se animem, não vou morrer assim que soprar as velinhas. Ainda acredito que vou ter umas horinhas para guardar o gostinho de aniversário na boca e também na memória”.