Um dia, dentro de um voo, eu vi uma entrevista da apresentadora Marília Gabriela que citava uma frase cujo autor eu não vou me lembrar agora. O autor dizia que foi, para dar valor à luz, que ele precisou de tanto quartos escuros. Eu não queria perder aquela situação, então peguei uma caneta e anotei. Lógico que tem a questão do contraste, eu só sei da importância da luz, se um dia ficar no escuro.
Mas há algo que me fez refletir sobre o momento de se recolher, o momento de voltar para as origens ou de buscar conhecer um pouquinho mais de si mesmo e tudo aquilo que te incomoda ou que te alenta.
Lendo o livro do Renato Russo, chamado “Só Por Hoje e Para Sempre”, ele conta o período em que ficou internado numa clínica para dependentes químicos. E a nota editorial começa com a parte da música “Os Anjos”, em que ele diz: “Hoje não dá. Vou consertar a minha asa quebrada e descansar”.
Muitas vezes, enfraquecidos emocionalmente, ainda ficamos mendigando a atenção dos outros, das pessoas que nem mais valem a pena, buscando coisas que não precisamos, a não ser que seja para agradar o outro. Às vezes é mais fácil ver a asa quebrada do outro. E quando olhamos para nossa própria asa, isso dói.
Vai doer de qualquer jeito. O convite dessas duas reflexões é que a gente aprenda a saber a hora de se recolher.