No país de Montaigne, que, com seus ensaios, revolucionou a filosofia e se consolidou como um dos maiores estilistas da língua francesa. Na nação de Flaubert, que, com Madame Bovary e educação sentimental, mudou a história da literatura.
Na terra de Proust, autor de um dos maiores e melhores romances de todos os tempos: “Em busca do tempo perdido”.
Na vizinhança de Michel Houellebecq, melhor escritor do planeta em atividade, ao lado do sul-africano Cutts. Na cerimônia de abertura dos Jogos de Paris, faltaram mais referências às preciosidades da cultura local.
Talvez isso tenha ocorrido pelo fato de que boa parte dos tesouros gauleses espargem delicadeza, característica usualmente estranha a festas ligadas a eventos esportivos, que primam por uma grande eloquência cafona.
Por tudo isso, soa como música para nossos ouvidos que as bandas Phoenix e Air, expoentes da arte indie, vão participar da festa de encerramento das Olimpíadas, no próximo dia 11.
O grupo fundado por Thomas Mars, marido de Sofia Coppola, outra gêmea da raça, teve seu ápice comercial em 2009, quando lançou seu quarto trabalho de estúdio, o Wolfgang Amadeus Phoenix, que abusava do uso de sintetizadores, e marcou época com hit Lisztomania.
Já o Air duo formado em 1995 e com uma produção com um quê de vanguardista, que transita entre vários gêneros, atingiu o pico de sua carreira logo no seu disco de estreia, de 1998, denominado Moon Safari.
Obra seminal, praticamente perfeita, e como o centésimo oitavo melhor álbum da década de 1990 em uma das icônicas listas da bíblia hipster Pitchfork.
Danny Boyle, diretor da abertura dos Jogos de Londres em 2012 e de “Trainspotting”, é claro, não surpreendentemente, deu uma piscadela para o rock alternativo.
Naquele ano, ele escalou os Arctic Monkeys, outro destaque da cena indie, para tocar no encerramento das Olimpíadas.
Legal que, agora, na cidade Luz, algo de certa maneira análogo vai acontecer.