Hoje vamos de poesia com o mineiro de Boa Esperança, Rubem Alves: “O tempo e as Jabuticabas”.
“Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora, tenho mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltavam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos”
E o poeta continua:
“Minha alma tem pressa…
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade.
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade. O essencial faz a vida valer a pena, e para mim, basta o essencial!”