Era um daqueles dias especiais, em que reunimos todas as mulheres daquela casa no bairro Floresta em Belo Horizonte para um café da tarde diferente.
Levamos um grupo de músicos voluntários com seus instrumentos de corda para tocar em um espaço aconchegante da casa.
As oito mulheres, sentadas de frente para os músicos que estavam em semicírculo, aguardavam ansiosas o início da apresentação feita especialmente para elas.
A música tem um significado muito especial para cada uma. Os instrumentos foram habilmente conduzidos por aqueles músicos que levaram tanto afeto ao nosso encontro.
Aquelas mulheres residem num abrigo para idosas da Associação de Cegos Louis Braille. Uma delas me disse: “É como se cada nota entrasse na nossa alma”. Outra, de cabelos branquinhos, confessou que nem em sonho imaginava um momento tão lindo assim.
Encerrada a apresentação, uma das residentes pede para retribuir a gentileza. Levanta-se, abre a tampa do piano e toca uma música que embalou o choro de cada um de nós visitantes, pela solidariedade ali partilhada.