Você sabia que, nas comunidades indígenas da América do Sul, o lugar da criança é onde ela deseja estar? Os bebês engatinham pelo chão da terra, se aproximam de fogueiras, investigam formigueiros, experimentam o mundo com o corpo inteiro.
Eles aprendem sentindo, descobrem limites, reconhecem perigos e colhem lições que nenhum manual poderia ensinar. No cenário urbano, por outro lado, as crianças costumam ser contidas em espaços pensados para adultos, repletos de regras que, embora bem tensionadas, muitas vezes as afastam das experiências vitais.
Diante dessas diferenças culturais, não nos caberia julgar qual modelo é melhor, mas sim perceber que, quando culturas diferentes se observam, sempre há espaço para aprender. No âmbito arquitetônico, essa infância vivida com rara liberdade de tempo e espaço, convida a repensar a forma como moldamos nosso cotidiano. Por que limitar a exploração espontânea das crianças em ambientes controlados?
Por que criar barreiras físicas e simbólicas entre elas e o mundo natural? E, sobretudo, como a arquitetura contemporânea poderia romper esse paradigma inspirada pela criança indígena, criar espaços que devolvam à infância sua dimensão mais selvagem, curiosa e plena. Essa é a abertura de um artigo de Camilla Ghisleni publicado no ArchDaily no mês passado.
E eu resolvi lê-la aqui porque está mais que na hora de educadores, arquitetos e todos os profissionais envolvidos na construção de espaços para crianças pensarem nisso. Seja em escolas, parques, praças, o lugar da criança tem que ser onde ela deseja estar, né?
