11/07/2024
Redação
Imagem: Copyright SOMBUMBO Filmes
E um dos fatos mais chocantes da história recente de Minas Gerais e do Brasil virou filme e estreia nesta quinta-feira (11), nos cinemas. O filme “Ninguém sai vivo daqui” é baseado na premiada obra “Holocausto Brasileiro”, da jornalista Daniela Arbex. Estrelado por Andréia Horta e Fernanda Marques, o longa retrata os horrores reais ocorridos no Hospital Psiquiátrico de Barbacena.O roteiro segue Elisa, jovem que, após engravidar do namorado no início dos anos 1970, é internada à força pelo pai no manicômio, conhecido como Colônia. Vítimas de todo tipo de abusos no local, a moça e outros internos se unem para descobrir uma forma de fugir de lá.
Fundada em 1903, a instituição tornou-se depósito de homens e mulheres — e até de crianças — indesejáveis para o convívio social: homossexuais, prostitutas, mães solteiras, meninas violentadas pelos patrões, moradores de rua ou moças que tinham perdido a virgindade antes do casamento. Os pacientes, muitas vezes sem diagnóstico de doença mental, eram submetidos a condições desumanas com o consentimento do Estado, de médicos, de funcionários e da sociedade. Quando chegavam ao Colônia, os internos tinham as cabeças raspadas e as roupas arrancadas. E isso era apenas o começo: no dia a dia eram submetidos a toda ordem de maus-tratos, como mostra o premiado livro de Daniela Arbex, publicado pela editora Intrínseca.
O hospital Colônia de Barbacena foi fechado no fim dos anos 80. Alguns pacientes que sobreviveram à época da barbárie hoje recebem acompanhamento no Centro Hospitalar Psiquiátrico da cidade. Outros foram transferidos para Belo Horizonte. Apesar da mudança, as sequelas dos tempos sombrios em Barbacena até hoje não permitem a ressocialização plena. Para escrever o livro, Daniela Arbex fez um minucioso trabalho de investigação localizando sobreviventes e entrevistando ex-funcionários para retratar o horror que existia nessa instituição que tinha o propósito de limpeza social comparável ao nazismo. Holocausto brasileiro foi eleito o Melhor Livro-Reportagem de 2013 pela Associação Paulista de Críticos de Arte e segundo colocado na mesma categoria pelo Prêmio Jabuti (2014).