O Instituto Inhotim, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, recebe uma nova exposição com obras fotográficas e audiovisuais de artistas indígenas da América do Sul. A partir do dia 26 de abril, os trabalhos passarão a integrar a Galeria Claudia Andujar | Maxita Yano, por tempo indeterminado.
Com o objetivo de repensar o espaço expositivo, inaugurado há 10 anos, a galeria receberá os trabalhos de 22 artistas indígenas que tratam de temas como o ativismo e a luta indígenas, o debate sobre a imagem e a fotografia e as alianças entre diferentes povos.
A proposta da curadoria é estabelecer um diálogo entre Claudia Andujar e artistas indígenas contemporâneos, como uma nova expografia que pretende dar maior ênfase na potência política da artista.
Novo nome para galeria
Uma outra novidade é o nome da galeria, que agora integra o termo “Maxita Yano”, da língua Yanomami, que significa “Casa de Terra”. Artistas como Edgar Kanaykõ Xakriabá (MG), Denilson Baniwa (AM), Paulo Desana (AM), Uýra (AM), Tayná Uráz (RJ), Graciela Guarani (MS) e Alexandre Pankaruru (PE) terão suas obras expostas.
Claudia Andujar é uma das principais fotógrafas de sua geração, e tornou-se uma das vozes mais ativas na defesa dos direitos dos Yanomami. Para reconhecer sua importância para a arte brasileira, em 2015, o Inhotim inaugurou uma galeria permanente dedicada exclusivamente ao seu trabalho.
Dez anos depois, a exposição passa por um processo de revisão para incluir novos diálogos entre Andujar e artistas indígenas contemporâneos, a fim de atualizar contextos e aprofundar reflexões relacionadas às existências indígenas no Brasil e no mundo.
Luta indígena
A mostra trata de questões como a luta indígena, redes de aliados, conquistas comunitárias a partir das alianças, enquanto discute o estatuto da fotografia no debate sobre representação indígena. Dessa forma, a nova exposição propõe uma visão expandida sobre natureza, território, cotidiano, espiritualidade, retrato e alianças.
Um outro detalhe é que a mostra é organizada em núcleos temáticos, que convidam o visitante a se aprofundar na obra de Andujar e conhecer detalhes de sua produção artística e de seu engajamento na luta indígena. As salas se dividem em trabalhos sobre a floresta amazônica, na região do rio Catrimani, obras sobre espiritualidade e os impactos destrutivos do contato com a sociedade não indígena.
“É muito relevante constatar como que o cenário artístico conquistado pela produção indígena contemporânea foi impactado positivamente pela existência da Galeria Claudia Andujar no contexto institucional brasileiro, nos últimos dez anos”, declarou a diretora artística do Inhotim, Júlia Rebouças.
A galeria também apresenta a Sala Documental Claudia Andujar, que se dedica à pesquisa sobre artista, destacando seu papel como fotojornalista e ativista na defesa dos Yanomami. Com materiais de acervos, o espaço traça a trajetória da artista e revisita a história da própria galeria.
A Hutukara Associação Yanomami, organização representativa dos povos Yanomami e Ye’kwana, assina a curadoria de uma das salas, apresentando a produção contemporânea Yanomami. O local faz exibição de vídeos, além de expor 18 desenhos de artistas que trazem o olhar do próprio povo Yanomami sobre si.
Galeria Claudia Andujar | Maxita Yano
Visitação: quarta a sexta–feira, 9h30 às 16h30 | Sábados, domingos e feriados, 9h30 às 17h30
Endereço: Rua B, 20 – Conceicao do Itaguá, Brumadinho
Entrada: https://www.inhotim.org.br/visite/ingressos/