A alta inflação e os juros elevados contribuíram para que o
belo-horizontino terminasse o primeiro mês de 2022 na inadimplência. De acordo com
levantamento da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), o índice aumentou
6,43% em janeiro deste ano em comparação ao mesmo período de 2021. Em relação ao mês
anterior (Dezembro/2021), houve um aumento de 0,84%. As principais dívidas dos moradores da
capital são com os bancos (12,72%), água e luz (4%).
“Por nove meses a inadimplência está em queda, mas, desde novembro passado, quando a alta da
inflação começou a provocar arrocho salarial, o indicador voltou a subir. Bens de primeira
necessidade como alimentação, medicamentos e habitação estão com preços mais elevados. Tudo
isso dificulta o pagamento das dívidas”, afirma o presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva.
Conforme revelou a pesquisa, outro fator que está favorecendo a inadimplência é o aumento do
consumo atrelado à falta de planejamento financeiro. “Com a flexibilização das medidas restritivas,
as pessoas voltaram a sair e também a consumir mais. A grande questão é que a maioria delas não
possui um planejamento financeiro e, com isso, gastaram em excesso e entraram no cadastro de
negativados. É de extrema importância que o consumidor reveja seus gastos, planeje suas compras
e organize o pagamento de seus débitos começando pelas essenciais, como água e luz”, aconselha
o presidente.
Homens devem mais
Na comparação anual (Janeiro.22/Janeiro.21), o levantamento mostrou que os homens (5,5%)
devem mais que as mulheres (5,02%). Eles também acumulam maior número de dívidas por
pessoa: 6,4%, contra 5,52% (elas).
O número de dívidas por CPF também aumentou em ambos os gêneros quando comparamos
janeiro de 2022 com dezembro de 2021. Passou de 4,78% em dezembro do último ano para 7,51%
em janeiro. No primeiro mês do ano passado o número médio de dívidas era de 1,848. No mês de
janeiro de 2022 foi de 1,867. Na base mensal houve aumento de 2,13%.
Pessoa Jurídica
Assim como os consumidores, as empresas da capital também estão devendo mais. De acordo com
o levantamento da CDL/BH, na comparação anual (Janeiro.22/Janeiro.21) houve um aumento de
0,28 p.p da inadimplência entre os CNPJ’s, passando de 3,01% para 3,29%. Na análise mensal, o
indicador cresceu 0,04% frente ao mês anterior.
“Essa aceleração da inadimplência entre as empresas está ligada a um cenário econômico marcado
por juros elevados que dificultam a tomada de empréstimos e pagamento de dívidas. Uma inflação
alta pressiona os custos do empresário, diminui a receita e acelera a inadimplência”, explica o
presidente da CDL/BH.
Inadimplência no Estado
O número de mineiros endividados cresceu em janeiro deste ano. O índice pontuou 8,27%, contra o
mesmo período de 2021. Na análise mensal, o período também encerrou com aumento de 1,09%
em relação ao mês anterior.
Assim como na capital, os homens do restante do estado também estão devendo mais que as
mulheres. Em janeiro eles atingiram o índice de 7,24% e elas 6,64%. Os idosos de 85 a 94 são os
mais endividados, representando 30,56% do total.
CNPJs negativados
De dezembro de 2021 para janeiro de 2022, o número de empresas endividadas em Minas Gerais
avançou 0,68%. Na análise anual, também houve crescimento: 4,97%. Em dezembro do ano
passado, o índice estava em 3,72%.
O levantamento mostrou que os setores de comércio e indústria recuaram 0,28% e 0,39%,
respectivamente. Já os que avançaram foram outros* (55,07%), serviços (6,16%) e agricultura
(3,25%).
*O setor “outros” caracteriza-se por empresas que não identificaram a classificação de atividade
econômica.
Conhecer histórico do cliente evita prejuízo
Além dos fatores externos que vêm impulsionando a inadimplência, muitos lojistas desconhecem o
comportamento de compra e de pagamento de seus clientes. Essa falta de informação leva a
vendas que não geram o lucro esperado.
“Venda boa é aquela em que o lojista recebe o pagamento. Para evitar prejuízos, é imprescindível
que os comerciantes conheçam o histórico de seus clientes. Para isso, além de seu controle interno,
ele pode contar com programas que informam como anda a reputação do consumidor no
mercado”, explica o presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva.
Uma das ferramentas disponíveis para que lojistas façam uma consulta prévia sobre sua base de
clientes, disponibilizada pela CDL/BH, é o SPC Consultas. Ela possibilita a confirmação de dados
cadastrais e análise de crédito de diversos consumidores, grupos econômicos e empresas de todo o
país. Além disso, outros benefícios são destacados como segurança e agilidade na liberação do
crédito com informações atualizadas e confiáveis, consulta de pessoas física e jurídica, abrangência
nacional e redução da inadimplência.
Aliado ao SPC Consultas está o SPC Registro, outra ferramenta ofertada pela entidade que
possibilita aos lojistas contribuírem para a constante atualização da base de inadimplentes
registrados. Esse banco de dados pertence ao SPC Brasil e fica disponível para consulta dos
estabelecimentos.
Por fim, a CDL/BH oferece o CDL Cobrança, um produto que auxilia os lojistas associados a
recuperar créditos por meio de uma cobrança humanizada e eficiente. “Contamos com uma equipe
especializada que promove a cobrança amenizando atritos e mantendo a saúde da relação entre
cliente e loja. Essa ferramenta está há 40 anos no mercado e possui um excelente índice de
recuperação”, afirma Souza e Silva.
Segundo ele, quanto mais nova a dívida, maiores são as chances de recuperação de crédito. “A
demora da cobrança dos inadimplentes faz com que a intenção de pagamento diminua. Por isso, é
importante que o comerciante não permita que as dívidas fiquem velhas, pois assim será mais
complexo realizar a cobrança. Da mesma forma, também não é aconselhável demorar em realizar o
registro da dívida no Serviço de Proteção ao Crédito. Afinal ela é uma das maiores forças de
cobrança,”, finaliza.