As artistas Dudude Herrmann e Lina Lapertosa, referências em dança em Belo Horizonte, estão em cartaz no CCBB BH com o espetáculo “Q Brô”. Até o dia 7 de julho, as duas apresentarão em cena experiência, poesia, risco e o desejo de seguir o ofício apesar da descontinuidade de políticas públicas e de uma sociedade etarista.
Herrmann e Lapertosa são duas mulheres que se movem pelo desejo de seguir dançando, unindo o clássico e o contemporâneo. Hoje com mais de 60 anos, o objetivo de ambas é mostrar que a trajetória de um artista de dança pode ir mais longe do que o esperado.
Com direção da própria Dudude, o espetáculo leva para o palco a fricção e o jogo de improvisação entre os corpos de bailarinas veteranas e suas singulares trajetórias. A obra está em cartaz de sexta a segunda–feira, sempre às 19h, no Teatro II do CCBB BH. No dia 6 de julho, a sessão terá acessibilidade em audiodescrição (ingressos neste link e na bilheteria).
O evento também está promovendo rodas de conversa gratuitas sobre arte contemporânea, paralelamente ao espetáculo. Neste sábado (28/6), o multiartista Marcos Paulo Rolla falará sobre o tema “A natureza da arte”. Já no dia 5 de julho, Ione de Medeiros falará sobre a “Ecologia das artes”.
‘Permanecer, durar, ficar’
O espetáculo leva para o palco uma mesa e duas mulheres. Elas aguardam o tempo, as horas e as memórias de um dançar escapulido do corpo.
“Permanecer, durar, ficar, são questões do viver e da arte. ‘Q BRÔ’ trata dessas e de tantas outras questões intrínsecas. Desenha um caminho torto, com desvios, imperfeições, um reconhecer-se, cumplicidade, extravios, desistências, insistências, projetos por terra”, comentou Herrmann.
Enquanto dançam, ações como quebrar, separar, partir, escancarar, insistir e romper são incorporadas ao ato de dançar. A dramaturgia é apoiada na improvisação e utilizada como estratégia pela direção para instigar artistas e público, criando uma cena viva e vibrante.
“Na improvisação a gente fica nua. Se uma cai no buraco, a outra está sustentando e dando energia. O que faço com o que eu tenho e como o meu movimento reverbera na Dudude e o dela no meu: a gente equaliza o tempo inteiro, no palco”, contou Lina.
Vontade de trabalhar juntas
Embora tenham caminhos diferentes na dança, as artistas tiveram suas histórias cruzadas na década de 1980 e, há anos, nutriam a vontade de criar um trabalho em comum.
“Não queremos falar sobre as mulheres maduras. O assunto aqui é arte: como conversam e se aventuram, em cena, esses corpos treinados diariamente por toda uma vida e que não pararam de estudar. Não nos interessa a escola de onde vieram ou há quanto tempo dançam, mas como se encontram no espaço do dançar”, disse Dudude.
Para Margô Assis, artista assistente do espetáculo, é inevitável não prestar atenção na singularidade de cada artista logo quando elas aparecem em cena. “Elas estão falando ‘estamos aqui’, insistindo, existindo. Dois lugares distintos e muita experiência, coabitando em um mesmo espaço”.
“É clara a diferença, mas isso com o passar do espetáculo deixa de ser importante. Não propomos uma divisão do espaço, nem uma demonstração de habilidades e virtuosismo, porque estamos falando do que decorre desse encontro”, completou.
‘Q Brô’
Data: até o dia 7 de julho
Horário: sexta a segunda–feira, às 19h
Local: CCBB BH | Praça da Liberdade, 450 – Funcionários
Ingressos: https://ccbb.com.br/belo-horizonte/bh-programacao/q-bro/ e na bilheteria