Comecei a assistir ao filme Disfarce Divino com muito sono. Parei logo no início porque eu estava cansado mesmo. Dias depois retomei sem grandes expectativas e ele me surpreendeu. O filme discute a presença das mulheres na igreja católica, mas essa é apenas a primeira porta que se abre.
Outras histórias ganham espaço. Uma mãe que esconde do filho a identidade do pai. Um jovem que busca alívio, que ele descobre depois ser um falso alívio na autolesão. E uma mulher solteira e solitária que carrega dores profundas e um segredo difícil de sustentar. Curiosamente, não foram segredos da igreja que mais me prenderam.
O que ficou em mim foi a maneira como o filme nos obriga a olhar para as fragilidades humanas, para marcas silenciosas que cada um carrega. E no final, a leitura de uma carta se torna um convite à reflexão. Não porque traga respostas prontas, mas porque nos deixa diante de perguntas que pedem tempo. Perguntas que nos acompanham depois do filme e que se misturam com as nossas próprias perguntas.
Disfarce divino talvez não seja uma obra de grandes efeitos, mas é daqueles filmes que chegam de mansinho e acabam ficando porque nos fazem pensar sobre o que preferimos tantas vezes deixar escondido.