Como eu prometi na coluna de ontem (15), hoje eu falo sobre as diferenças entre merlot e carménère. As duas variedades de uvas confundidas no Chile – que comemora, em 2024, 30 anos de carménère – se originam na região francesa de Bordeaux e foram confundidas pelo formato dos frutos e pela aparência das folhas em algumas etapas do ciclo de vida das vinhas.
Mas, aos olhos de produtores experientes, há diferenças relevantes entre elas, não só na aparência, mas também nos aspectos sensoriais das duas uvas. Enquanto as folhas de carménère apresentam tonalidade vermelha quando jovens, as de merlot são brancas.
A maturação das vinhas é diferente, e esse foi, inclusive, o aspecto que levou o ampelógrafo Jean Michel Boursiquot a enteder que as uvas merlot do Chile eram, na verdade, carménère. As videiras de carménère amadurecem mais tarde (cerca de duas semanas) do que as de merlot, por isso, a colheita das duas uvas deve ser feita em tempos diferentes.
Por muito tempo, os vinhos chilenos classificados como merlot foram considerados de baixa qualidade justamente porque eram feitos com uvas carménère, sem a maturação adequada.
Sensorialmente falando, as uvas merlot produzem vinhos de coloração rubi mediana a profunda, com aromas de frutas vermelhas maduras, lembrando cereja, framboesa e ameixa, e quando envelhecidos, trazem notas de chocolate e baunilha.
Já a carménère produz vinhos de coloração mais escura, quase roxa, com aroma de frutas vermelhas e pretas, como mirtilos e amoras, e notas picantes e herbais, lembrando pimenta verde, especiarias e tabaco quando envelhecidos.
Em nossa próxima coluna, vamos continuar falando de vinho, mas, desta vez, sobre inteligência artificial aplicada ao segmento.