Em dezembro sempre há uma grande expectativa nas casas de acolhimento de crianças e adolescentes. Algumas famílias se inscrevem na ONG CEVAM (Centro de Voluntariado de Apoio ao Menor) para apadrinharem crianças nas festas de fim de ano. O processo é criterioso, como deve ser, afinal uma família recebe uma criança desconhecida e vice-versa.
Os casos que já acompanhei sempre foram exitosos as crianças sabem que é um apadrinhamento, que é momentâneo e que não se trata de um processo de adoção, mas triste é quando durante o apadrinhamento de Natal, a maioria das crianças é escolhida, mas uma ou outra acabam não sendo encaminhadas para uma família, foi o que aconteceu nesse final de ano em uma das casas que eu venho acompanhando. Uma das crianças perguntou aos cuidadores: “ninguém quis ficar com a gente tia?”
Com muita sensibilidade a cuidadora respondeu: “Ô meu amor, todas nós aqui queríamos ficar com vocês dois, mas como só uma poderia fizemos um sorteio e eu venci, vocês dois vão pra minha casa”.Na volta, a criança disse que foi o dia mais feliz da vida dela.