A exposição gratuita “Ancestral: Afro–Américas” vai estrear no CCBB BH neste sábado (8/3), com mais de 130 obras de artistas afrodescendentes do Brasil e dos EUA. BH é a primeira cidade a receber a mostra após uma temporada em São Paulo. Para a capital mineira, a iniciativa trará como novidade a seção “Arte Africana Tradicional”.
Com curadoria de Ana Beatriz Almeida e Renato Araújo da Silva, a exposição apresenta obras de artistas internacionalmente importantes. Dentre elas, os trabalhos das brasileiras Gabriella Marinho e Gê Viana e da norte–americana Simone Leigh, que trará uma nova peça de sua coleção pessoal.
O CCBB BH promoverá eventos na abertura, para complementar o conceito e a proposta da exposição. No pátio do local, Virgínia Rodrigues e Sérgio Pererê unirão suas vozes para uma apresentação, às 11h e às 17h30. Às 18h30, os curadores e o diretor artístico da mostra farão uma palestra sobre Ancestral: Afro–Américas, no Teatro II do centro cultural. A exposição ficará em cartaz até o dia 12 de maio.
Reflexões sobre afirmação do corpo e reivindicação de espaço
“Ancestral: Afro–Américas” promove reflexões sobre a afirmação do corpo, a dimensão onírica dos sonhos e a reivindicação de espaço. Por meio de três eixos, corpo, sonho e espaço, a exposição busca valorizar o conceito de identidade afro–americana no Brasil e nos Estados Unidos.
Com isso, a mostra não somente procura homenagear os artistas que desafiaram certas brutalidades e o apagamento do colonialismo, como também promove um diálogo aberto sobre o imapcto e a relevância das raízes africanas ancestrais na formação e nos contextos sociais dos povos.
“A palavra ‘ancestral’ é comum tanto em inglês quanto em português. É essa origem compartilhada que buscamos evidenciar na arte contemporânea, algo que ultrapasse as barreiras geográficas, linguísticas e culturais”, disse o diretor artístico da exposição, Marcello Dantas.

Segundo ele, a mostra demonstra que, “mesmo diante de tanta dor, sofrimento e com todo distanciamento de séculos de diáspora africana, sua arte persiste na capacidade de manter uma chama acesa ao longo do tempo”.
“A partir da ideia de seres humanos que reinventam sua existência em um ambiente hostil, selecionamos artistas que evocam essa invenção, essa transformação, e esse processo de ‘tornar-se’ como uma poderosa ferramenta, poética e estética”, complementou a curadora Ana Beatriz.
Conceito dos núcleos
Corpo: obras que exploram os limites da representação, considerando que retratar uma pessoa negra em uma obra de arte se mostra como um poderoso ato de resistência. A seção tem trabalhos de Benny Andrews (histórias pessoais e coletivas), Carlos Martiel (imigração e identidade) e Dalton Paula (memória cultural e representação).
Espaço: nesse núcleo, as obras examinam propostas de construção de mundo e criação de lugares, tratando de temas como imigração, história e comunidade. A sessão apresenta artiastas como Leonardo Drew (instalações escultóricas), Sonia Gomes (memória e lugar) e Caroline Kent (fluidez da identidade).
Sonho: os trabalhos desse núcleo buscam expandir os limites da abstração, promovendo contemplação e reflexão. Por meio do uso inovador das cores, formas e texturas, artistas como Betye Saar, Simone Leigh e Murry Depillars exploram temas complexos que desafiam as tradicionais noções de representação.
A exposição no CCBB BH terá mais um núcleo, a seção Arte Africana Tradicional, com curadoria de Renato Araújo da Silva. O objetivo do espaço é ampliar aidna mais o conceito da mostra, homenageando o continente de origem da humanidade e dando destaque às tradições e inovações culturais transmitidas ao longo do tempo.
“A seção de arte africana tradicional na exposição Ancestral não é apenas uma homenagem ao passado, mas também um convite à reflexão sobre a resiliência e a criatividade que marcam as heranças da África. Esses objetos, que outrora serviram a funções espirituais, sociais ou utilitárias, transcendem o tempo ao conectar o público contemporâneo às raízes profundas da humanidade”, declarou o curador.
Ancestral: Afro–Américas
Data: 8 de março a 12 de maio
Horário: quarta a segunda–feira, 10h às 22h
Local: CCBB BH | Praça da Liberdade, 450 – Funcionários
Entrada gratuita