Por João Henrique do Vale e Déborah Lima
A luta por espaço nas vias de Belo Horizonte só aumenta em cada ano. E soluções para evitar os conflitos no trânsito e, principalmente, melhorar o transporte público na cidade, são urgentes.
A capital mineira completa 125 anos nesta segunda-feira e tem em seu horizonte duas importantes obras para a melhoria da mobilidade. As intervenções vão acontecer na Avenida Afonso Pena, que corta o Centro e vai até uma das regiões mais nobres do município, e na Avenida Amazonas, principal ligação entre a capital e cidades da região metropolitana.
A frota de veículos em Belo Horizonte vem se multiplicando com o passar dos anos. Em 1971, a cidade tinha cerca de 110 mil veículos em circulação, uma média de quase um carro para 10 habitantes, uma das maiores médias brasileiras da época. Devido aos problemas com o tráfego expoente de automóveis, foi naquela época em que se começou a estudar a implantação de metrô, que só foi inaugurado em agosto de 1986. Além disso, a prefeitura, que enfrentava muitas obras e buracos na cidade, pensava em criar novas avenidas e incluir túneis sob a Praça Sete e Raul Soares e também na Serra do Curral.
E os números só aumentaram à medida que a população cresceu. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que em 2006 existiam na capital mineira 918,7 mil automóveis. Quinze anos depois, a frota chegou a 2,3 milhões, de acordo com os números de 2021.
A revitalização da Avenida Afonso Pena tem como o objetivo, segundo a prefeitura, é dar mais velocidade ao transporte coletivo da cidade. O custo total da obra é de R$ 20 milhões. Para isso, serão implantadas faixas exclusivas e preferenciais para o transporte coletivo, num trecho de 4,2 km que vai da Praça Rio Branco, no Centro, à Praça da Bandeira, no Mangabeiras, Região-Centro-Sul.
Também estão previstos nos projeto um nova modelagem paisagística, com o plantio de 52 árvores, entre elas três jequitibás rosa, e supressão de 15, com reformas pontuais nas calçadas para melhoria da acessibilidade dos pedestres.
A prefeitura espera o aumento de cerca de 47% da velocidade dos ônibus no sentido Bairro / Centro e de 11% no sentido inverso, além de 50% da velocidade média do tráfego em geral, o que ocasionará uma redução do tempo de espera e de viagem do transporte urbano.
Comerciantes vêm com bons olhos a revitalização. A Câmara de Dirigente Lojistas (CDL/BH) afirmou que o projeto vai proporcionar “um ambiente mais acolhedor para toda a população, atraindo mais público para a região e incrementando a economia”. Porém, o Conselho de Mobilidade Urbana de Belo Horizonte enviou à Superintendência de Mobilidade da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) pede uma discussão mais ampla do projeto. Principalmente, em relação a supressão de árvores, redução de calçadas e a travessia de pedestres.
Avenida Amazonas
Outro ponto crítico de congestionamento na cidade e que vai passar por obras é a Avenida Amazonas. A prefeitura assinou um acordo com o Banco Mundial para o empréstimo de US$ 100 milhões para serem utilizados na construção do corredor prioritário de transporte público na Avenida Amazonas, o BRT. O investimento vai contemplar, ainda, melhorias na Vila Cabana do Pai Tomás.
Somente no projeto do BRT da Amazonas, serão gastos US$ 43,73 milhões. Está previsto a criação de faixas exclusivas para o transporte coletivo e adequação de várias vias transversais, abrigos para pontos de ônibus e readequação de calçadas com foco na acessibilidade.
A estimativa da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) é que os projetos sejam desenvolvidos dentro de dois anos.