A gente vive num mundo apressado, que tenta congelar o tempo como quem segura a água nas mãos. As pessoas correm atrás de cremes, filtros, truques e tudo bem. Cada um faz o que quiser com o próprio corpo.
O que não dá é para esquecer que nenhum procedimento substitui uma coisa simples e profunda: a paz de se olhar no espelho e reconhecer a própria história.
O corpo que envelhece não é falha, é caminho. Ele guarda as marcas das risadas, das dores, das escolhas que nos trouxeram até aqui. E admitir o envelhecimento, não como derrota, mas como continuidade, é um gesto íntimo de liberdade. É como dizer: “Eu me permito ser quem eu sou hoje”.
Sentir-se bem com o próprio corpo passa por aceitar que o tempo não é inimigo. Ele é artesão silencioso que nos molda. Para alguns, cuidar da aparência é parte desse bem-estar. Para outros é justamente deixar que os fios brancos apareçam.
Cada escolha é legítima desde que nasça da vontade e não da cobrança. No fundo, a beleza não está na pele lisa, e sim na tranquilidade de habitar o próprio corpo.
Quem aceita o tempo não se rende, se reconcilia. Porque existir de verdade é saber que a vida deixa marcas e que algumas delas são também formas de permanecer.
