Você já ouviu falar em apassivamento? Pois este é um método de produção de uvas viníferas no qual os frutos são colhidos e deixados ao ar livre para que desidratem. Resumindo, é a transformação das uvas em passas. E por que eu estou falando disso?
Para abordar um tipo de vinho que é feito a partir das uvas passificadas, cujo exemplar mais icônico e mais famoso é o italiano Amarone delLa Valpolicella, que tem origem protegida. O Amarone é daqueles vinhos que, se tomamos uma única vez, guardamos para sempre em nossa memória sensorial a sua potência de sabores e teor alcoólico elevado, acima dos 15%.
Mas existem outros vinhos feitos por esse processo de apassivamento, que leva de 3 a 4 meses para ser finalizado. Primeiro, as uvas são deixadas em condições controladas em prateleiras arejadas para que percam a água do seu interior e concentrem o açúcar presente na fruta. Nesta etapa, as uvas começam a perder peso e diminuir de tamanho.
Depois, elas são levadas para fermentar a partir de um conjunto de fungos nobres que conferem complexidade e riqueza de sabores. Após a fermentação, vem a etapa da maturação, geralmente feita em barricas de carvalho francês para que adquirem ainda mais mais complexidade.
O resultado é um vinho vermelho, passando para cor granada com o tempo, com notas de tabaco, especiarias, brown sugar, uma preciosidade que suporta mais de 20 anos de envelhecimento. Eu tive a honra de experimentar um destes ainda na cave durante o processo de maturação, na Casa Valduga em Bento Gonçalves.
O vinho me foi servido e apresentado pelo próprio Eduardo Valduga, que é um dos enólogos da Vinícola Valduga. Isso foi em 2022 e eu ainda guardo preservada a lembrança daqueles sabores. Mais do que um vinho, foi uma experiência das mais especiais.