Uma vez eu vi uma frase do psiquiatra Contardo Calligaris que dizia que ele não se preocupava com uma vida feliz, preferia uma vida interessante. Fiquei pensando sobre isso, uma vez que vivemos uma ditadura da felicidade e do sucesso, em que errar é inadmissível e em que as aparências dizem mais do que a própria vida real.
No fundo, ninguém está bem o tempo todo e só nós mesmos sabemos das nossas dores. Lógico que não vamos sair por aí contando para todo mundo. Para Contardo Calligaris, uma vida interessante é aquela vivida intensamente, com presença e atenção ao momento presente, sem buscar a felicidade como objetivo final, mas sim a vivência plena de todos os aspectos da experiência humana, incluindo prazeres, dores e desafios.
É uma vida onde se abraça essa intensidade da experiência, sem medo de se desesperar ou sofrer. E onde se permite sentir profundamente as emoções, tanto as positivas quanto as negativas. Olha, não é fácil, de verdade, mas me conforta muito ouvir aquela música do Vander Lee:
“Meu amor, deixa eu chorar até cansar
Me leve para qualquer lugar, aonde Deus possa me ouvir”.