27/12/2023
Redação: Cristiano Henrique
Imagem: Freepik
2023, um ano que não foi de boas notícias para o varejo do Brasil. Assim que o mês de janeiro chegou foi anunciado que a Americanas estava com uma dívida superior a 40 bilhões de reais. Isso assustou o mercado, em especial as instituições financeiras que ficaram muito mais cautelosas em relação aos empréstimos para os varejistas de pequeno e médio portes.
Logo em seguida, inúmeras outras várias marcas do varejo anunciaram dívidas e, como medidas emergenciais, realizaram fechamento de unidades ou diminuição do tamanho das lojas na tentativa de minimizar os impactos financeiros causados pelo início de ano avassalador. Varejistas renomados como Casas Bahia, Polishop, Marisa, Saraiva, Mr. Cat, Ri Happy, New Balance e outras marcas precisaram se adequar rapidamente ao novo momento para não seguir o rumo das Americanas.
A crise do varejo brasileiro explodiu no ano de 2023, mas especialmente os médios varejistas já estavam passando momentos difíceis desde meados da década de 2010. Numa análise macro, enfrentaram desde o ano de 2015 um cenário econômico difícil do país, que passou por uma sequência de PIB’s negativos e estáveis. Exatamente na época que estavam começando a se recuperar veio a pandemia de Covid19 e fez com que as vendas entrassem em queda livre. O que aconteceu com a economia? Deu um revés imediato: PIB declinando na ordem de 4,1% em 2020 somado a uma taxa de juros que praticamente dobrou num estalar de dedos. Além disso, o cenário da concorrência se tornou ainda mais competitivo com a entrada de marketplaces estrangeiros no Brasil, como a Shein e a Shopee. O resultado teve impacto imediato nos varejistas de médio porte que apresentaram ainda mais dificuldade de sobreviver nesse contexto.
Notícias apresentando que os varejistas de médio porte estão vivendo um momento delicado estão fazendo parte do cotidiano. Recentemente a empresa licenciada para assumir as operações da Starbucks no Brasil apresentou uma dívida estimada em quase 2 bilhões de reais e fechou as lojas da marca nos aeroportos. Isso causou muita estranheza para os consumidores e fãs da Starbucks. Outro ponto a ser analisado é que o perfil de compras do consumidor dentro das lojas físicas também mudou muito na Era Pós-Covid. O setor de vestuário e calçados que representava cerca de 60% do mix de produtos nas lojas, atualmente está na faixa de 15%. Certamente, esse resultado tem conexão direta com os marketplaces concorrentes estrangeiros que chegaram com muita força no Brasil.
Com o intuito de vencer as dificuldades e começar o ano de 2024 em um novo patamar, alguns varejistas de médio porte estão fazendo fusões e aquisições para tentar trazer colocar seus negócios em outro nível. Essas incorporações estão acontecendo em diversos segmentos como moda, farmácia, concessionárias de veículos, universidades e shopping centers. Com essa junção, os varejistas médios se tornam mais fortes e podem melhorar sua performance de vendas e ampliar as chances de conseguir mais crédito nas instituições financeiras. Os shoppings centers, em especial, estão enfrentando a perda de grandes marcas e lojas âncoras, mas por outro lado estão se reinventando com um mix mais variado de lojas que atendam de forma mais personalizada o seu consumidor.
Esperamos que os varejistas de médio porte tenham dias melhores em 2024.