Quando eu soube da morte da dona Noemi, no último dia 22 de julho, eu comecei a lembrar da minha primeira visita ao Salão do Encontro. A obra social que ela criou há mais de 50 anos, se dedica à educação e profissionalização de crianças e adolescentes, mas também ao acolhimento da população pobre e de muitas, mas muitas pessoas que o mercado via como inválidas naquela época.
Pessoas com nanismo, síndromes, paralisia cerebral, deficiência física e intelectual. O Salão do Encontro acolhe a todos, sem tratá-los com indiferença, respeitando as suas diferenças.
No dia da primeira visita, o Rômulo, funcionário do Salão, me levou até ela e me apresentou. “Dona Noemi, esse é o Tio Flávio, e ele veio dar palestra para os nossos jovens”, disse. Ela me olhou, sorriu e disse: “Podia vir mais vezes, né?”.
E eu fui. Menos do que eu gostaria, mas o bastante para poder ficar encantado com o trabalho do Salão do Encontro, na cidade mineira de Betim.
Ela foi uma das homenageadas do meu último livro, mas todas as honras ainda serão poucas. Uma das suas entrevistas, dona Noemi dizia: “Eu nunca acho que terminou, porque se pensar em terminar, a vida terminou, então ainda quero lutar por essas pessoas, muito ainda”.
E ela continuará lutando, mesmo não estando aqui, fisicamente, ela continuará lutando. Obrigado, dona Noemi.