Zezé Motta virá a Belo Horizonte para apresentar o primeiro monólogo de sua carreira, “Vou Fazer de Mim um Mundo”, de 21 de junho a 14 de julho. A montagem comemora os 80 anos da atriz e cantora e marca suas quase seis décadas de carreira. O espetáculo ficará em cartaz no CCBB BH.
A apresentação é uma adaptação do best–seller “Eu sei porque o pássaro canta na gaiola”, de Dra. Maya Angelou, primeira mulher negra a ser roteirista e diretora em Hollywood. No palco do CCBB BH, Zezé Motta, que é uma cantora solar, se aventura em um monólogo introspectivo, político e denunciador de mazelas.
“Vou Fazer de Mim um Mundo” passou por uma temporada com ingressos esgotados em todas as apresentações no CCBB Brasília. Além de celebrar o aniversário de Zezé, a montagem também marca o retorno dela ao teatro, depois de 10 anos.

Em BH, as apresentações de Zezé Motta ocorrerão no Teatro I do CCBB, de sábado a segunda–feira, sempre às 20h. Os ingressos estão disponíveis neste link e na bilheteria do centro cultural, a partir de R$ 15 (meia–entrada). Todas as sessões terão acessibilidade em Libras e, no dia 5 de julho, haverá um bate–papo após o espetáculo.
‘O público sai chorando’
Sobre se desafiar em uma apresentação introspectiva, Zezé Motta disse que sempre gostou de desafios, embora tenha ficado pensativa quando surgiu a proposta. “Não apenas por ser um monólogo, mas também pelas questões que o texto da Maya Angelou apresenta”, explicou a artista.
“A realidade enfrentada por ela, é um texto forte que fala de abusos. Até a semana das estreias eu estava muito apreensiva, com medo mesmo do que o público iria achar. Mas o resultado tem sido surpreendente! Ingressos esgotados todas as semanas, o público sai chorando e agradecendo, todo mundo emocionado”, contou Motta.
Em “Eu sei porque o pássaro canta na gaiola”, Angelou apresenta um tocante retrato da comunidade negra dos Estados Unidos durante a segregação dos anos 1930-1940. No livro, parece existir um grito silencioso desse pássaro aprisionado que Maya vivenciou e que a tornou mais forte.
Projeto intimista e corajoso
A adaptação e direção, feitas por Elissandro de Aquino, abrem possibilidades para evocar a palavra, ora cadenciada como uma coreografia, ora como uma música. “Partimos para um projeto bastante intimista, corajoso e potente. A ideia é cruzar duas realidades – a princípio tão distantes – e encontrar um elo entre as experiências humanas que nos atravessam como se não houvesse fronteiras”, disse o diretor artístico.
“O projeto se abre em camadas, alternando micro e macro, o que o torna interessante e, ao mesmo tempo, desafiador. Sabemos que ele toca feridas diferentes, pois ora apresenta congruências coletivas, ora invade a nossa casa e expõe as dores mais veladas”, completou.
Para o monólogo, Zezé disse que levou sua resiliência para o palco da mesma forma que Maya Angelou levou a dela para a escrita. “Se eu for me aprofundar na dor, no abuso, no racismo e no desrespeito vivido por ela, ou por qualquer outra mulher negra, eu vou ficar na dor”, declarou a artista.
“É preciso pegar essa dor e virar o jogo. Eu sempre falo isso, aprendi com Lélia Gonzalez. Não temos mais tempo para lamúrias, é preciso arregaçar as mangas e virar o jogo”, afirmou.
A peça busca valorizar a palavra oral, a palavra bem pronunciada e salvar os espectadores de toda a loucura, tensão e extremismo da contemporaneidade. O cenário apresenta uma plantação de algodão, enquanto em cena Motta é acompanhada pelos músicos Mila Moura e Pedro Leal David, tocando arranjos forjados no blues e suas variações.
‘Vou Fazer de Mim um Mundo’
Data: 21 de junho a 14 de julho
Horário: sábados, domingos e segundas–feiras, às 20h
Local: CCBB BH | Praça da Liberdade, 450 – Funcionários
Ingressos: https://ccbb.com.br/belo-horizonte/bh-programacao/vou-fazer-de-mim-um-mundo/