A Netflix estreou Wayward, minissérie em oito episódios criada por Mae Martin, que mistura mistério, crítica social e tensão psicológica. O enredo gira em torno do universo das chamadas academias para adolescentes “problemáticos”, comuns nos Estados Unidos nos anos 2000, e revela a face sombria de instituições que prometiam reabilitação, mas escondiam abusos físicos e psicológicos.
Toni Collette domina a tela em Wayward na Netflix
No centro da trama está Evelyn Wade, diretora da fictícia Tall Pines Academy, interpretada de forma magistral por Toni Collette. A personagem mescla frieza, manipulação e uma aura quase cultista, impondo poder absoluto sobre jovens e funcionários — muitos deles ex-alunos recrutados pela própria instituição.
A performance de Collette dá credibilidade a uma narrativa que, em certos momentos, se apoia mais na atmosfera do que no roteiro. Como observam os críticos, “acreditar em Evelyn é acreditar em tudo”.
Enredo e ambientação
A história se passa em 2003, período escolhido tanto para reforçar a estética da série quanto para evitar a onipresença de celulares. O protagonista Alex Dempsey (Mae Martin), policial em crise após um tiroteio, se muda com a esposa grávida para Tall Pines, em Vermont.
O que deveria ser um recomeço se transforma em pesadelo quando Alex se envolve na busca por um adolescente desaparecido da academia. A tensão cresce quando descobre que sua esposa Laura (Sarah Gadon) também foi aluna da instituição e ainda sofre a influência de Evelyn.
Em paralelo, acompanhamos Leila (Alyvia Alyn Lind) e Abbie (Sydney Topliffe), duas amigas de Toronto que acabam presas no internato. Ali, enfrentam métodos abusivos de controle, rituais bizarros e violência velada.
Temas e crítica social
Wayward confronta o chamado “troubled teen industry”, rede bilionária de instituições privadas que ganharam fama nos EUA por sequestrar adolescentes a pedido dos pais. A série expõe como o modelo se baseava em manipulação psicológica, disciplina forçada e violência, levantando paralelos com seitas e cultos autoritários.
O roteiro também tenta equilibrar mistério, humor e drama adolescente, em uma mistura que lembra Twin Peaks, mas com um olhar mais voltado à juventude do início dos anos 2000.
Vale a pena assistir Wayward na Netflix?
Apesar de nem sempre acertar em todos os caminhos que percorre, Wayward é considerada uma produção estilosa, instigante e difícil de largar. O carisma de Mae Martin e a força de Toni Collette garantem densidade a uma trama que entrega críticas sociais, suspense e a satisfação de ver adultos abusivos recebendo sua punição.
Com oito episódios, a minissérie é indicada para quem busca uma história sombria, crítica e repleta de camadas — e que, acima de tudo, questiona até onde pode ir a manipulação de mentes vulneráveis.