Hoje a gente abre espaço para homenagear uma daquelas figuras que carregam história no olhar e sabedoria nas palavras. Maria de Lourdes Caldas Gouveia nasceu em Garanhuns, no agreste pernambucano, em 1937.
Nos anos 60, seguiu o chamado do saber e foi estudar filosofia na antiga Universidade do Brasil, onde teve o privilégio de ser aluna de mestres como Nelson Carneiro, Paulo Freire e Celso Furtado. Foi justamente por um projeto educacional idealizado por Juscelino Kubitschek e conduzido por Freire que Maria de Lourdes se mudou para Belo Horizonte no final dos anos 50.
A proposta era transformar a educação do Nordeste com apoio da SUDENE (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste), mas com o golpe militar de 64 tudo foi interrompido. Em um encontro que participei com ela na semana passada, ela afirmou que não tem problema nenhum em ser chamada de velha, que isso não é uma ofensa, pelo contrário, nela convivem bem a velha e a moça, cada uma com seu papel importante.
Hoje, com serenidade e brilho nos olhos, essa mulher forte e inspiradora se dedica a escrever livros sobre a memória e a história de Belo Horizonte, registrando com afeto e sensibilidade, o passado que constrói o nosso presente. Maria de Lourdes Caldas Gouveia é daquelas presenças que nos lembram que educar é antes de tudo, um ato de amor, de sinceridade e de compromisso.