Sentada na varanda de casa, ela observava tudo o que acontecia. Mesmo com dificuldade para apoiar uma das pernas, o que ela realmente gostava era de movimento. Acordava cedo, preparava o necessário para o almoço e, ao mesmo tempo, já descascava e ralava algumas frutas para fazer os biscoitos, doces e bolos da semana.
Depois que todos almoçavam, ela começava a enrolar e assar os quitutes. Os filhos lavavam a louça, apesar de sua relutância, pois fazer as atividades domésticas demonstrava seu carinho ao servir a família — era assim que havia aprendido.
Não gostava de sair. Sua vida era ali, com suas plantações, seu cachorro e o cuidado com a família. Após uma queda, teve que reduzir o ritmo. Desde então, a varanda se tornou o lugar onde mais ficava, depois da cozinha.
Pessoas conhecidas passavam pela rua e paravam para conversar, pedir uma receita, saber como ela estava e até provar alguns dos biscoitos ou docinhos que preparava.
Um dia, aquela senhora me disse que o amor era o que a sustentava e que uma das formas de expressá-lo era pela gratidão. Por isso, ela agradecia a Deus em primeiro lugar, à sua família e a todos que paravam diante daquele portão para um dedinho de prosa com a senhora do alpendre.