Tem gente que prefere ambientes à meia-luz, que ficam muito mais aconchegantes quando é uma luz estudada, para dar aquela penumbra envolvente, que parece que chama a gente para conversar ou mesmo para pensar, esse exercício tão mal usado quando a cabeça só tem problema e nenhum espaço para imaginação.
E tem gente que prefere tudo feéricamente iluminado, como se a sombra fosse algo ruim. E como hoje eu reli o texto do psicanalista Sérgio Matos para belíssima publicação bianual, que o arquiteto Júnior Piacesi faz com uma seleção dos projetos do escritório, eu resolvi falar um trecho dele super pertinente a esse assunto:
“Nossa vida pautada por metáforas de luz produz preconceitos de que a sombra encarna o negativo da luz, sendo ela sua ausência e, por extensão, a ignorância, a desrazão e o mal. O elogio à sombra é um manifesto a favor de uma arte que põe o valor da penumbra no matiz, no sutil e no silêncio. São aspectos que enriquecem e dão interesse às coisas frente à obviedade ocidental provocada pelo excesso de luz. Exatamente ao fazer essas coisas tão óbvias, as converte em estridentes.”
Que tal pensar a respeito?