Conforme anunciado nesta quarta-feira (4) pelo Comitê de Política Monetária (Copom), tivemos o décimo aumento seguido da Selic. Este é o maior patamar em cinco anos. Só tivemos índice maior em 2017, quando a taxa atingiu 13%. O objetivo da alta é conter a escalada da inflação que vem pressionando os preços, especialmente de alimentos e combustíveis.
Sabemos que diversos fatores estão contribuindo para o descontrole de preços no país e no mundo. Estamos enfrentando problemas na cadeia de fornecimento em função da guerra entre Rússia e Ucrânia e recentes lockdowns na China, que fazem com que o preço das commodities se eleve a níveis recordes. Temos ainda o novo ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos que também pressiona nosso câmbio e, por consequência, nossa inflação.
Todo esse contexto é favorável a um ambiente inflacionário prejudicial à atividade econômica e um dos remédios para isso é, justamente, o aumentos dos juros. Contudo, essa elevação impacta negativamente o desempenho da economia real. Com a taxa em patamares mais elevados, as empresas, responsáveis por gerar emprego e renda, reduzem os investimentos, o crédito encarece, a inadimplência avança e, tudo isso, diminui a renda em circulação, prejudicando a retomada do crescimento.
Por isso, esperamos que o governo federal utilize a política monetária para conter o avanço dos preços, mas sem comprometer o crescimento econômico. Necessitamos de um ambiente econômico seguro, capaz de atrair investimentos diretos e com responsabilidade fiscal.