Um dia um homem foi ao mestre e disse: “Sinto que me falta algo, não sei o quê, mas falta”.
O mestre olhou para ele, serviu um chá e respondeu: “Então procure no que você já tem”.
O homem foi embora confuso, obviamente. Passou dias tentando entender. Abriu gavetas, relia cartas antigas, observava suas plantas, seu cachorro dormindo ao sol.
Aos poucos começou a perceber. Quase tudo o que ele dizia faltar estava de alguma forma ali. Não era o carro novo, nem a viagem, nem o amor ideal. Era o tempo que ele não percebia enquanto o vivia. Era o sabor do café, o som da chuva, aquele abraço possível.
O que faltava não era coisa, era presença. E, quando finalmente entendeu, já não faltava tanto quanto parecia. Era apenas o costume de achar que faltava alguma coisa.
