Gosto muito das obras do Exupéry. Em “Terra dos Homens”, ele escreveu uma frase que sempre me acompanha: “A prisão não está ali onde se trabalha com a enxada. A prisão está ali onde o trabalho da enxada não tem sentido.”
Essa ideia me provoca, porque não é o esforço que aprisiona, nem o suor do rosto, nem o peso da enxada ou da rotina. O que prende de verdade é a falta de sentido. É acordar sem saber porquê. É repetir gestos sem entender para quê. Muitas vezes, achamos que a liberdade é fazer o que se quer, mas talvez a verdadeira liberdade esteja em dar significado ao que se faz.
Um professor que acredita na transformação dos seus alunos, um agricultor que vê a vida brotar da terra, um cuidador que oferece acolhimento. Todos eles podem estar cansados, mas talvez não estejam presos. Exupéry nos lembra: “A pior cela é a do vazio”.
E talvez a nossa maior tarefa seja essa: encontrar sentido nas nossas enxadas diárias, nas nossas dúvidas diárias, nas nossas lutas diárias, por menores que elas pareçam.