Numa visita a um lar de idosos, ouvi algo que me atravessou. Uma senhora me disse que nunca teve coragem de dizer aos filhos um “eu te amo”. Amava-os profundamente, eram a vida dela, mas não foi ensinado a expressar afeto desde criança, e isso marcou a sua criação.
O filho que morreu no acidente, sabia que era querido, mas nunca ouviu essas palavras. A filha, que hoje mora fora do país, escuta meio desconfortável quando a mãe arrisca um “eu te amo” no fim da ligação. E a idosa me confidenciou. É uma fala tão potente que, às vezes, a gente, mesmo amando, não dá conta de digerir porque tem muita história no meio disso.
Então, ela concluiu: “Se você ama alguém, fale. Se for desconfortável, acostume-se. Muito do que sofro hoje é por não ter conseguido deixar ir o que me fez mal desde menina”.
Saí dali com a certeza de que dizer “eu te amo” não é gasto, é investimento. Um investimento que pode aliviar silêncios, curar ausências e aquecer até os dias mais frios da vida.