“O Cavaleiro Preso na Armadura” de Robert Fischer é um daqueles livros simples na forma, mas incômodos no que despertam. A história começa com o cavaleiro que veste sua armadura todos os dias, até o ponto que já não consegue mais tirá-la.
E isso não acontece porque ele é mau ou vaidoso demais, acontece porque ele se acostumou a viver no modo automático, repetindo expectativas que ele mesmo nem sabia explicar.
É difícil não se reconhecer um pouco nisso. Quantas vezes a gente mantém um papel, um discurso, um jeito de ser? Porque funciona? Porque evita conflito? Porque nos poupa de encarar o que está por trás do silêncio?
O caminho do cavaleiro não é mágico, nem heróico, é feito de pequenos reconhecimentos. Admitir que sente medo, que não sabe tudo, que precisa de ajuda. Ele descobre que tirar a armadura dói e dói porque ela colou na pele. No fundo, o livro mostra que não existe mudança verdadeira sem algum desconforto.
Quando ele finalmente se liberta, não vira alguém perfeito, vira alguém mais consciente, mais disponível, mais honesto consigo mesmo. E essa é a força dessa fábula. Lembrar que a gente não precisa de armaduras para viver. Precisa de presença, de coragem para se olhar de perto e de disposição para deixar cair aquilo que já não serve mais.
