O filme “O Caderno de Tomy” é daqueles que poderia facilmente escorregar para um drama exagerado, mas não escorrega. Ele fala da história real de Maria, uma mulher que recebe um diagnóstico duríssimo, um câncer agressivo sem chance de cirurgia ou tratamento e, mesmo assim, ela e o marido encaram esse tempo com uma força impressionante. Lidando com o fim sem perder a dignidade nem a ternura.
Apesar do título, o foco não é só o filho. O que emociona mesmo são os conselhos que Maria escreve para ele, como se quisesse deixar em cada palavra um pedacinho de quem ela foi, alegre, direta, carinhosa. O filme mostra com delicadeza a rotina da doença, a perda de movimento, o cansaço, mas também a presença firme do marido que sofre junto e segura a barra também.
Tem uma cena linda, forte e simples. Quando o pai deixa o menino no quarto para se despedir da mãe. É o último encontro. É de cortar o coração, mas sem exagero. E mesmo com a dor, Maria segue sendo ela. Quando perguntam como consegue brincar em meio a tudo isso, ela responde: “mas eu sou assim”.
É disso que o filme trata, de manter-se inteiro, mesmo quando o corpo já não aguenta mais. E eu sei que nem sempre isso acontece. É um retrato delicado, real, sem apelação. “O Caderno de Tomy” é um filme que vale assistir.