Parece que desde que a gente nasce é uma espécie de roteiro invisível nos dizendo: “Seja forte”, “persista”, “aguente firme” e é claro, “seja feliz”. Mesmo quando tudo está difícil, mesmo quando o chão falta.
Claro, a ideia de felicidade funciona como uma luz lá na frente, que guia nossos passos, mas a estrada da vida é cheia de curvas, pedras e buracos, e disso a gente quase não fala. Porque falar de dor assusta, falar de sofrimento espanta. Então, a gente segue repetindo que a vida é bela, como se isso bastasse. Só que uma hora ou outra, os atropelos vêm e podem chegar quando a gente menos espera.
Os pais que sempre estiveram por perto, talvez não estejam mais. Os conselhos que antes vinham prontos, agora precisam vir de dentro. É por isso que hoje é o tempo de conversar com os filhos, com os amigos, com quem a gente ama. Falar sobre os caminhos difíceis também faz parte do amor.
Preparar o outro para o mundo real é mais cuidadoso do que tentar protegê-lo dele. Porque o sofrimento, meu amigo, não precisa ser convidado, ele aparece.
E quando vier que a gente esteja um pouco mais pronto, mais consciente e nesses momentos por mais que a gente tenha por perto, pessoas que nos amem, na arena só estaremos nós diante daquela dor.