Devido a um problema no voo que nos levava à cidade mineira de Paracatu, na região Noroeste do estado, eu e mais seis passageiros, a bordo de um pequeno avião, tivemos que retornar ao aeroporto de Confins para encontrarmos outra forma de viajar até o nosso destino.
A solução foi seguir de avião até Patos de Minas, na região do Alto Paranaíba e, de lá, prosseguir via terrestre. No caminho, um acidente envolvendo uma ambulância resultou na morte de cinco pessoas, entre elas uma mulher grávida.
Ao passar pelo local do acidente, ainda à espera da perícia, um aperto me tomou o peito. Um médico e uma enfermeira que saíram de casa para trabalhar não retornariam, assim como os outros que estavam na ambulância. Senti uma angústia. Nós não sabemos a hora da nossa partida.
Um dia será minha vez, com certeza. Mas essa dúvida que a morte me trouxe também me fez perceber algo que pode parecer bobo para quem me ouve: não é o medo da morte que deve nos apavorar e perseguir, mas a busca de viver de verdade os momentos e as relações.
Agradecer, abraçar, celebrar e pedir desculpas são formas claras de estarmos vivos, presentes e livres. O músico novaiorquino Paul C. dizia: “O medo da morte nos impede de viver, não de morrer”.