Uma amiga me mandou uma mensagem contando que perdeu seu gato, um companheiro de muitos anos. Ela estava sentindo a dor da ausência, como quem perde alguém da família e é da família. Compartilhou esse luto nas redes sociais e o que recebeu, em vez de acolhimento, foi julgamento.
Teve quem dissesse que sofrer por um bicho é falta do que fazer. Outros sugeriram que ela precisava arrumar um homem e teve até quem disse: “O dia que você sofrer de verdade vai entender o que é dor”. Diante de tanta crueldade disfarçada de opinião, ela decidiu se afastar das redes. Me disse que precisava respirar, se proteger, cuidar da própria saúde emocional.
O nome disso é luto não reconhecido, quando a dor de alguém é diminuída porque não se encaixa no que os outros consideram digno de sofrimento, mas dor não se mede com régua e cada perda tem um peso único, pessoal, intransferível. Além das notícias ruins, dos boatos, dos comentários medíocres, falta empatia, falta gentileza.
Talvez o que a gente precise reaprender urgentemente é o respeito, porque se não somos capazes de consolar, que ao menos não sejamos mais um motivo de dor.