Os laços familiares, tão essenciais, não estão imunes ao desgaste do tempo. A medida que os pais envelhecem, sua presença muitas vezes assume um tom de maior preocupação e cuidado com filhos e netos, manifestado em perguntas e gestos que nem sempre são bem compreendidos e aceitos pelos filhos.
Filhos, que também envelhecem, lidando com suas próprias pressões e desafios, o que pode torná-los menos pacientes ou receptivos a essas demonstrações de afeto.
Assim, pequenos atritos surgem não pela ausência de amor, mas pelo modo como ele é expresso e interpretado. São as sutilezas do cotidiano. como uma mãe que pergunta insistentemente sobre a rotina de um filho. Isso pode parecer irritante, quando na verdade são tentativas de se manter conectada.
A mãe, ao perguntar, deseja firmar seu cuidado. O filho, ao responder de forma ríspida, manifesta sua exaustão diante de algo que enxerga como desnecessário. É nessa diferença de perspectivas que o desgaste se instala quase sempre sem tensão.
Talvez o segredo esteja em reconhecer esses gestos pelo que realmente são tentativas de manter vivos os vínculos.